Na pequena cidade de Monte Azul Paulista, a história da família Rodrigues se entrelaça com as raízes da terra, tecendo uma trajetória marcada por trabalho árduo, perseverança e amor pela agricultura. No centro desta narrativa, está o Sr. Antonio Gilberti Rodrigues da Silva, mais conhecido como Gilberti, um homem cuja vida é um testemunho do poder transformador da dedicação e do espírito familiar.
A saga da família Rodrigues teve início com a jornada corajosa de Antônio, o patriarca, que deixou sua terra natal em Portugal rumo ao Brasil em busca de novas oportunidades. Aportaram em Ribeirão Preto, um polo de imigração na época.
Enquanto isso, a família de Colomba Fachini, também enraizada em Ribeirão Preto, cruzou seus caminhos. Unidos pelo destino, Antônio e Colomba formaram uma família, onde Altino o primeiro filho veio a nascer em Jardinópolis/SP, partindo posteriormente para a região de Ibitiuva/SP, onde João o segundo filho veio ao mundo.
As origens de Colomba trazem um toque de distinção, já que sua mãe, Emilia Scarelli Fachini, emigrara da Áustria, trazendo consigo habilidades extraordinárias como parteira. Seu talento era tão notável que até mesmo os médicos reconheciam sua destreza, sugerindo que ela poderia ter sido uma médica excepcional. Foi ela quem realizou o último parto de Cleide, a filha mais nova. Os primeiros dias de Antonio Gilberti Rodrigues da Silva foram passados no Sítio Santa Tereza, uma modesta propriedade às margens do caminho para Bebedouro, onde seus avós labutavam juntamente o cunhado o Sr. Ludovico Fachini, no qual eram sócios. Essas raízes profundas e diversificadas lançaram as bases para a trajetória familiar, enraizando-os na terra que, desde então, se tornou seu lar e seu sustento.
Sr. Gilberti conta que tem muitos parentes em Ribeirão Preto, pois sua família paterna se firmou muito por lá, ao contrário dos familiares pro lado de sua mãe que teve rumo diferente: “Eles vieram da Itália, de Veneza, e chegaram no Brasil para morar perto de Goiânia, tanto que uma vez fui visitar uns parentes lá e eles moravam num lugar que se chama Nova Veneza. Minha mãe nasceu em Conquista, perto de Uberaba, e meu avô materno, que dava aula à noite nas escolas, trabalhava durante o dia nas fazendas, no café. De Ibitiuva, mudaram-se para Paraíso/SP. Foi quando minha mãe conheceu meu pai e se casaram e tiveram a Odete, minha irmã mais velha. Depois de algum tempo, compraram a propriedade Santa Tereza, no município de Bebedouro/SP”.
A família Rodrigues sempre esteve em movimento, mudando-se de um lugar para outro, mas sempre mantendo sua conexão com a terra. Gilberti lembra: “Mudavam muito naquele tempo”. Mas, apesar das mudanças, a família sempre manteve sua paixão pela agricultura.
A laranja dando seus primeiros passos
A família Rodrigues sempre esteve ligada à terra, mas foi com a chegada da laranja que eles encontraram seu verdadeiro chamado. “Quando tudo começou aqui no Brasil para a família Rodrigues, não existia laranja ainda e era tudo regido pela cultura do café. Sr. Gilberti conta que somente após a morte de seu avô, que faleceu aos 49 anos de idade por morte súbita,houve uma divisão e a compra de uma propriedade em Monte Azul Paulista, o Sítio Floresta, que tinha como divisa o córrego Avanhandava: “Minha irmã, Cleide, nasceu aqui. Hoje, ela mora em Mogi Mirim/SP. Mas, quando houve esta divisão, meu pai, Altino Rodrigues da Silva e meu tio João eram sócios, meu pai mexia com gado, ele se dedicava bastante a isso naquela época”.
A laranja deu seus primeiros passos no caminho a ser trilhado pela família Rodrigues, que firmou sociedade com o Sr. Gilberti, Ludovico Fachini, e comprou um sítio vizinho, da família Fávero, com 40 alqueires: “Este meu tio quis vender o sítio dele e meu pai e meu tio João compraram. Foi então que se começou a plantar laranja. Naquela época era o início, começou a dar muito certo. Era um tempo em que, ainda, não tinha praga. Então, eles tiveram sucesso. Meu pai, com a parte de gado, também. Com 10 anos, eu já ajudava na fazenda tirando leite”, lembra.
A transição para a cultura da laranja não foi apenas uma mudança de atividade econômica, mas sim uma evolução que refletia a resiliência e a capacidade de adaptação dos Rodrigues. Sob a liderança do Sr. Altino, João e Gilberti, a família abraçou os desafios com determinação, expandindo seus horizontes para além das fronteiras da própria terra. Mesmo diante das adversidades, como a crise da laranja e os obstáculos climáticos, eles perseveraram, transformando cada desafio em uma oportunidade de crescimento.
Novos caminhos, o casamento e a divisão das terras
Gilberti sempre teve uma forte ligação com a terra e a agricultura. Mesmo quando pensou em seguir outros caminhos, seu pai o encorajou a continuar trabalhando com a terra.
Ele relembra uma ocasião em que o destino parecia apontar para outro caminho: “Quando era jovem, um amigo me convidou para ir para São Paulo. Ele me garantia um emprego na empresa onde trabalhava e dizia que eu iria gostar muito. Estávamos envolvidos com música e ele queria que nos apresentássemos em um programa de calouros lá”, recorda-se sorrindo.
“Quando comentei com meu pai sobre meu desejo, ele disse que tínhamos comprado uma fazenda em Goiás e tínhamos que ir para lá trabalhar. A gente ficava 18 dias lá comprando gado. Teve uma época em que a gente estava em crise da laranja, a caixa estava com um preço que ninguém queria comprar. Aí a laranja deu um repique, eles pagaram os prejuízos da safra. Depois, o negócio deslanchou”, relata o produtor.
O espírito empreendedor da família se manifesta não apenas na busca pelo sucesso nos negócios, mas também na maneira como enfrentam os desafios pessoais.
A família Rodrigues enfrentou muitos desafios ao longo do caminho, mas sempre perseverou. “A distância entre as fazendas era um deles, até que vendemos a fazenda em Goiás e compramos uma em Ibirá, onde era cultivado café. Depois, transformamos ela inteira em um pomar de laranja”, diz Gilberti.
Mesmo com o otimismo sempre presente e a família unida para um único propósito, o de prosperar nas terras, Sr. Gilberti conta que há desafios: “Quando venderam a propriedade em Goiás, meu pai e meu tio fizeram um acordo comigo e apliquei esse dinheiro para render juros. Com isso, comprei a fazenda em Nova Granada que até hoje é nossa. Plantei metade de laranja e mantive até ter que erradicar o pomar. O problema foi o clima, pois era bem difícil levar irrigação para lá. Ai,na última divisão com minha irmã, abri mão da minha parte em uma fazenda em Marília e assumi a fazenda em Nova Granada. Depois de erradicar o pomar, arrendamos para cana”.
Essa decisão, aparentemente simples, teve um impacto profundo na trajetória de Gilberti, enraizando-o ainda mais na vocação familiar pela terra. O amor e a dedicação à agricultura transcenderam gerações, deixando um legado de resiliência e determinação que continua a inspirar a família Rodrigues até os dias de hoje.
Sr. Gilberti conta como aconteceu a divisão das terras na família: “Quando meu pai faleceu, em 2010, os negócios ficaram em nome da minha mãe e eu, tocava a produção junto dos meus sobrinhos. Mas quando minha mãe faleceu e a gente dividiu tudo, eu e minha filha, Karina Bastos Rodrigues da Silva, assumimos nossa parte”, conta Gilberti.
A divisão das terras após o falecimento dos pais trouxe consigo a oportunidade de reinvenção, com cada membro da família encontrando seu próprio caminho na agricultura. Para Gilberti e sua filha Karina, essa transição foi marcada por uma união de esforços e um compromisso compartilhado com o legado familiar.
Karina também detalha sobre a partilha: “Foi uma divisão super amigável, cada um ficou com a parte que mais gostava. Meu pai com a laranja e cana arrendada, meu primo com o gado, e minha tia acabou vendendo algumas partes de laranja e arrendou cana. A laranja é a paixão do meu pai, estamos sempre crescendo nessa área. Agora, vamos começar com irrigação. A cana veio como uma parte importante da renda, traz tranquilidade. Hoje temos propriedade de cana em Ubarana, Nova Granada e, em São José do Rio Preto, de laranja. Nosso escritório fica em Monte Azul.
Karina é formanda em Administração de Empresas e trabalhou em São Paulo por 10 anos, com seguro aeronáutico, mas as raízes familiares sempre falaram mais forte: “Sempre fui muito interessada nos negócios da família e quando fiquei noiva, meu ex-marido era daqui, então voltei. Como a cidade é pequena e não oferecia nada, meu pai me convidou para trabalhar com ele e comecei a atuar no que também era meu. Logo engravidei e dei uma pausa. Quando voltei, coincidiu com a divisão com a família. Então, eu caí na hora exata, no momento em que meu pai estava sem apoio, porque antes ele tinha meus primos, era uma sociedade…”, conta.
Mas, além do trabalho incansável na terra, a verdadeira riqueza dos Rodrigues reside no amor e na devoção mútua que os une.
Com a entrada de Karina na conversa, Sr. Gilberti também apresenta sua mulher, Maria Tereza Bastos Rodrigues da Silva e eles contam como se conheceram, durante um Carnaval, quando ela participou de um desfile e ele estava na mesa do júri. “Em Monte Azul, o carnaval sempre foi muito bom. Tinha baile em dois clubes. Naquela época foi o carnaval no Tennis Club, na praça principal. Havia um bloco, tinham as fantasias e um desfile na rua. Minha mãe era muito animada, assim como toda a turma e a gente fazia fantasia. Nesse desfile de rua, Gilberti foi júri. A gente não ganhou e quando acabou o desfile, fomos tirar satisfação. Eu sempre andava de salto, mas naquele dia eu estava de sapatilha. Aí o Gilberti perguntou quem eu era e eu respondi que sou Tereza Bastos. Ao ouvir, me respondeu que eu estava pequenininha e, assim, começou nossa história. Nos casamos em 12 de setembro de 1986”, conta Maria Tereza.
A motivação para nunca desistir é prosperar sempre
Sr. Gilberti conta que tudo mudou e hoje as atualizações são constantes e revela que sua motivação é manter a produção de laranja e o arrendamento de cana sempre na ativa, mas diz ter tempo para o lazer: “É muito importante fazer algumas viagens também. Gosto de praia e meu sonho é ir conhecer a Itália”.
Maria Tereza compartilha uma reflexão enraizada na vivência familiar: Para o homem da terra, a aposentadoria é um conceito distante. “Gilberti é a prova disso. Enquanto nossas filhas foram estudar, se casaram e seguiam seus rumos, ele seguia firme na produção de laranja, pelo amor à terra. Eu, por outro lado, passei toda minha vida como cartorária, até que finalmente me aposentei e pude desfrutar de um merecido descanso. Mas, para quem trabalha com a terra, a aposentadoria parece ser algo que nunca chega.”
Além de Karina. o casal tem outra filha, Yeda Bastos Rodrigues Bruschini, que mora em São Paulo, é advogada e mãe de um bebê de 1 ano, Thomaz. Recentemente, Yeda começou a se envolver nos negócios familiares, mesmo que de forma remota.
Karina também já presenteou Sr. Gilberti com um neto, Lorenzo, de cinco anos. Ela conta que o pai sempre fala sobre a valorização da terra: “Há dois anos, quando a gente dividiu, estava um preço. Agora, com a valorização, está outra coisa. É isso que motiva, saber que aquela terra vai ficar para as próximas gerações”.
Família, para o Sr. Gilberti é tudo. Para ele, a pessoa que não tem família, não tem uma alavanca e não tem energia. Ele sempre fez de tudo pela família e isto é motivo de bastante emoção, revela Maria Tereza: “O orgulho do Gilberti sempre foram as duas meninas. Ele proporcionou tudo o que podia, até hoje é assim. Sempre foi muito dedicado com o pai e o tio. A vida toda. A partir do momento em que as meninas nasceram, o foco dele era proporcionar tudo de bom. Naquela época não tinham tantas regalias como tem hoje, mas ele sempre focou: as filhas sempre foram a prioridade. Tudo o que as vezes ele não desfrutou, ele trabalhou muito, ele viajava muito, mas quando ele se sentiu independente, o foco dele foi o futuro das meninas. Nosso casamento sempre foi uma soma. E nós dois nos realizamos em nossas profissões. Sempre foi uma família focada nos desejos de cada um”.
“Meu pai nunca se opôs a nada. Pelo contrário, sempre nos incentivou, nos ajudou e tentou proporcionar o melhor. Crescemos vendo isso nele. Ele fazia questão de proporcionar isso pra gente. E hoje ele se orgulha. A gente pegou as oportunidades que ele nos deu e lutou pra fazer ainda melhor”, diz Karina, deixando o pai gratificado em ouvir.
“Fico feliz com isso tudo porque foi espontâneo, uma coisa que nunca me arrependi e faria mil vezes se fosse necessário. Tudo deu resultado positivo, ou seja, todo esse investimento na minha família não tem preço”.
A Uniceres chega para participar desta caminhada
Para os Rodrigues, a terra é mais do que uma fonte de sustento; é um vínculo que os une em uma trama de memórias e tradições. E com a chegada da Uniceres, essa jornada ganha um novo capítulo, marcado pela colaboração e pelo apoio mútuo. Sob a orientação da cooperativa, a família encontra não apenas um parceiro comercial, mas uma comunidade unida por um objetivo comum: cultivar não apenas a terra, mas também os laços que os unem como família.
“O início foi através do Mário Beltrão Lima, meu ex-marido e filho do Fábio Arroyo, que já era cooperado. Na época, estávamos com pouca opção de lugares para fazer compra. Aí o Mário falou que ia indicar e começamos”, relata Karina.
Ela ainda faz questão de ressaltar que a Uniceres é o porto seguro dos negócios da família: “Sou encantada pelo trabalho da Uniceres. Hoje, quem me atende é o Marcelo. Não tenho reclamações, eu só coto lá. Tem preço, atendimento, gentileza, entrega. Sempre tem tudo a pronta entrega, nunca tem problema com estoque, a cotação é rápida. Não tem dor de cabeça e isso fortalece a nossa união”, finaliza.
Assim, a saga da família Rodrigues continua, impulsionada pelo mesmo espírito de otimismo e determinação que guiou seus antepassados através dos tempos. E enquanto as estações mudam e os desafios se renovam, uma coisa permanece inalterada: o vínculo indissolúvel que os une como uma família, enraizada na terra que chamam de lar.