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Semeando Amor e Tradição – A Jornada da Família Lisa Zero na Agricultura

Na Família Lisa Zero, a agricultura não é apenas um trabalho, mas um legado que transcende o tempo e entrelaça gerações com o aroma das laranjas e a doçura da cana-de-açúcar. Esta é a história de uma família cujo destino foi moldado pelo respeito à terra, pelo profissionalismo e, acima de tudo, pelo amor que os une.

Tudo começou na pacata cidade de Olímpia, interior de São Paulo. Dona Edwiges, carinhosamente chamada de Nanã, viu sua vida se transformar quando, ainda muito jovem, ficou viúva. Contudo, a resiliência e a determinação marcavam seu espírito. Com seis filhos para criar, Nanã mudou-se para Bebedouro, onde os irmãos assumiram os negócios da família, iniciando uma jornada no cultivo de café.

“Minha avó Nanã veio para Bebedouro com seis filhos, tia Lourdes, tia Olga, tia Maria Elisa, tio Hernani, tio Sylvio e minha mãe, Sylvia. Na época, as mulheres não se envolviam nos negócios e seus irmãos cuidaram das terras dela. Eles trabalhavam com café, mas depois compraram uma fazenda e começaram a produzir. Foi assim que nossa história na agricultura começou”, relembra com carinho Rossana Lisa Zero.

Nanã, uma mulher forte e visionária, deixou para cada um de seus filhos um pedaço de terra quando faleceu. Dona Sylvia Arruda, ao se casar com o italiano Sérgio Lisa, deu continuidade a esse legado, inicialmente na região de Bebedouro.

A união de Sylvia e Sérgio não foi apenas a fusão de dois corações, mas também a consolidação de uma nova fase na história da família. As filhas, Rossana, Gina e Renata, frutos desse amor, cresceram sob a sombra das laranjeiras e o aroma do café, testemunhando a força do trabalho e o vínculo inquebrável que a terra proporciona.

Rossana nos conduz pelas lembranças de uma infância repleta de aventuras na fazenda. “Foi uma época deliciosa! Eu era muito unida com minhas primas, Lenita, Eliane e Élide. Íamos para a escola de charrete, era uma farra! Lembro que quando uma de nós ficava doente, minha mãe e minha tia já colocavam todas no mesmo quarto para ficar doente todo mundo junto logo de uma vez”, relembra aos risos.

A jornada da Família Lisa ganha um capítulo significativo em sua história, impulsionado por uma proposta tentadora e pela visão empreendedora de Sérgio Lisa. “Meu pai tinha algum dinheiro que trouxe da Itália quando veio para o Brasil. Em um determinado tempo, ele e meu tio Hernani receberam proposta de um outro tio, que tinha terras no Paraná. Estas terras estavam paradas e eles foram para lá para tocar”, conta Rossana. Essas terras se tornariam o epicentro de um novo empreendimento familiar.

Nessa fase pioneira no Paraná, a família apostou na atividade madeireira, explorando uma fazenda de pinus. Segundo Rossana, ouvindo histórias de sua mãe, as terras, naquela época valiam muito pouco, e destaca a complexidade desse período: “Quando acabavam os pinheiros que tinham plantados, eles não sabiam o que fazer com a terra e começaram a cultivar outras coisas”.

A história se desdobra quando um convite do tio Augusto, abre novas possibilidades. “Tio Hernani foi chamado para cuidar de uma fazenda em Monte Verde Paulista, enquanto meu pai permaneceu no Paraná, onde abriu uma serraria. Mais tarde, Hernani convocou meu pai para se unir a ele, e juntos, adquiriram uma fazenda na região de Cajobi”, completa Rossana.

Mas a vida, como sempre, reservava surpresas. A venda da fazenda Boa Esperança marcou uma ruptura na proximidade de Rossana com suas primas, forçando uma mudança para São Paulo.

Sérgio, infelizmente, faleceu em 1968, e Sylvia assumiu os negócios na fazenda, demonstrando uma força admirável que permanece até os dias de hoje, aos 92 anos.

Foi neste período que a fazenda Santa Júlia, em Botafogo, SP, entrou para a história da família. Inicialmente dedicada ao café, a fazenda viu uma transição para a plantação de laranjas sob a administração de Sylvia. “Minha mãe sempre foi muito determinada. Ela começou a tocar a fazenda em Bebedouro, ampliou as terras, e continuamos nesse caminho na agricultura”, destaca Rossana, revelando o espírito empreendedor que é a essência dos Lisa Zero.

Uma nova história começa a ser escrita dentro da mesma

Com sua mudança para São Paulo, Rossana conheceu o amor de sua vida, Roberto Malouf Zero.


A história de Roberto é marcada pela fusão de suas raízes familiares pautadas no trabalho e na união. Nascido e criado na efervescente capital paulista, suas origens remontam a uma mistura cultural, sendo descendente de imigrantes libaneses e italianos.

“Minha mãe, Henriqueta, era professora, e meu pai, Isidoro, era funcionário de um açougue. Mais tarde, papai passou a trabalhar em um grande frigorífico e tornou-se sócio em um empreendimento. Após dissolver essa parceria, voltou ao frigorífico, onde permaneceu até sua merecida aposentadoria. O gosto pelo trabalho sempre permeou sua vida”, revela Roberto, sobre o pai.

Rossana e Roberto tiveram seus destinos entrelaçados nos corredores do Colégio Dante Alighieri, na capital paulista, onde se conheceram. Mas foi quando estudavam na renomada Escola Politécnica da USP, que suas vidas se aproximaram.

Ao se casar com Rossana em 1980, Roberto aceitou o desafio de integrar-se ao universo agrícola da família. Formados em engenharia, o casal iniciou uma jornada que os levaria de volta às raízes, para a fazenda em Bebedouro.

Mais do que abraçar o desafio de ingressar na agricultura, Roberto se tornou um pilar essencial na transição da fazenda, inicialmente dedicada ao café, para a produção de laranjas e, posteriormente, para a cana-de-açúcar. Seu compromisso e visão estratégica desempenharam um papel fundamental na evolução do legado agrícola dos Lisa Zero, consolidando sua contribuição para as gerações futuras da família.

“Viemos para Bebedouro há 40 anos. No começo foi difícil, mas a família foi o alicerce que nos acolheu. Reencontrei minhas primas, que já estavam casadas e nos ajudaram a nos acostumar com a cidade”, recorda Rossana.

“Cultivamos laranjas por anos, mas atualmente, nossa produção é só de cana-de-açúcar. Chegamos a comprar um pedaço de terra para plantar laranja, mas tivemos azar com o cancro cítrico. Naquela época não tinha conversa e fomos obrigados a arrancar tudo. Foi então que desistimos da citricultura. Nos chamaram de loucos quando paramos com a laranja para colocar cana, nós fomos um dos primeiros a fazer isso na região”, conta Roberto, mostrando a coragem e a visão de futuro da família.

Rossana e Roberto tiveram dois filhos, Helena e Gustavo. A chegada da nova geração marca uma transição significativa nessa história.


Gustavo, o caçula, é formado em Design e atualmente mora na Suécia.

Helena, inicialmente não planejava seguir os passos da família na agricultura. Ela viveu sua infância em Bebedouro e foi estudar em São Paulo, onde formou-se em Administração de Empresas.

Após se formar, ela trabalhou em diversas empresas para ganhar experiência. Sua incursão no mundo da moda trouxe uma perspectiva única para a gestão futura da propriedade. No entanto, o destino conspirou e ela se viu inevitavelmente atraída para a fazenda.

“Comecei a perceber que a fazenda seria minha responsabilidade, e só tínhamos eu e meu irmão. Fiquei anos trabalhando em São Paulo, mas chegado o momento,eu conversei com meus pais, e eles concordaram que era melhor eu voltar para trabalhar com eles”, compartilha Helena.

Nesse movimento decisivo de retornar para o interior, Helena contou com um aliado importante, seu marido Felipe Kamada. Nascido e criado na agitada capital paulista, Felipe abraçou a decisão de deixar São Paulo e acompanhar a amada nessa nova jornada em Bebedouro.

Essa decisão não apenas simbolizou um novo capítulo na vida de Helena e Felipe, mas também sinalizou um comprometimento com as raízes familiares e a continuidade do legado agrícola.

Da união entre Helena e Felipe, nasceu o pequeno Thomas, uma luz que ilumina a esperança da continuidade da tradição e um elo afetivo com a riqueza da vida no campo.

O retorno de Helena para Bebedouro marcou o início de uma nova fase na gestão da fazenda.

Com a pandemia de Covid-19, a dinâmica de trabalho precisou ser ajustada, mas a família adaptou-se com resiliência. “A pandemia foi um teste, e quando pudemos retomar, falei para meu pai que voltaria a ir ao campo três vezes por semana. Ele, no entanto, passou a ir somente uma vez por semana. É quando sentamos, conversamos e tomamos mais decisões”, revela Helena.

A parceria com a Uniceres emerge como um elemento notável para a sustentabilidade da herança agrícola dos Lisa Zero. A cooperativa oferece suporte na aquisição de insumos, garantindo a eficiência operacional da fazenda. “A Uniceres tem o espírito do que é ser uma cooperativa de verdade. Vejo muito isso com base no cooperativismo forte do Paraná”, enfatiza Rossana, reconhecendo o papel fundamental da cooperação na jornada da família.

A história da Família Lisa Zero é mais do que uma narrativa de agricultura; é um testemunho de amor, determinação e tradição. Cada capítulo, marcado por desafios superados e decisões corajosas, contribui para um legado que continua a florescer nas mãos dedicadas às gerações futuras. O compromisso com a terra e uns com os outros permanece como o fio condutor dessa história, semeando amor e tradição para as gerações que ainda estão por vir.

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