Há mais de quatro décadas trabalhando no setor citrícola, a família Jacobs encontrou um nicho promissor ao investir na produção de suco de laranja descascada.
Referência na citricultura, a história da família Jacobs também está ligada com a história do café, com a chegada de seus descendentes vindos da Alemanha e Itália, que desembarcaram no Brasil, para trabalhar como meeiros nos cafezais no distrito de Turvínia, em Bebedouro, interior de São Paulo.
Há mais de 40 anos, a família Jacobs trabalha na produção de mudas cítricas em viveiros cultivados em um pequeno sítio construído por Mauro Jacobs, filho de imigrantes alemães, sua esposa, Maria Colorinda Veronez Jacobs, filha de imigrantes italianos, e seus três filhos, Júlio César, Leandro e Marcelo.
Além do café, seus familiares paternos produziam arroz. “Naquela época, tínhamos que produzir o que comíamos, trocávamos um saco de batata por um de arroz. Toda a irmandade do meu pai trabalhava na lavoura e, assim eles progrediram”, recorda Júlio.
Com trabalho duro e sempre unidos, a família Jacobs se fortaleceu na agricultura e cada um seguiu seu caminho. “Com a divisão amigável, meu avô Júlio e meus tios Carlos e Reinaldo ficaram com a fazenda Santa Rosa e meu tio avô, Pedro, foi para Tupã, mas continuou a trabalhar na agricultura. E minha tia Otília seguiu sua trajetória com seu marido, Leonor Tito Rosa.”
Assim como seus descendentes, o casal Mauro Jacobs e Maria Colorinda trabalhava arduamente na cultura cafeeira. A colheita era feita manualmente e, após essa tarefa, os grãos do café eram levados para secar em terreiros.
“Sempre acompanhei os meus pais no trabalho na roça e praticamente fui criado debaixo de pés de café, enquanto colhiam o café de um pé, ficava na sombra de outro. Eles contam que certo dia, uma cobra coral passou bem perto do cesto que eu ficava, e eu fiquei vivo para contar a história”, conta sorrindo.
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Do café para a laranja
As primeiras sementes de laranja doce foram plantadas nos estados da Bahia e de São Paulo, com a chegada dos portugueses ao Brasil. Mas, foi apenas a partir de 1.930, com a crise do café, que a citricultura começou a ser implantada comercialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
E, assim, como a maioria dos produtores à época, a família Jacobs também deixou o café para investir na citricultura na década de 70: “A minha mãe ajudou meu pai a trocar de cultura, ensinando a fazer enxerto de laranja e viveiro de chão”, conta o primogênito.
Nascia ali uma paixão forte e duradoura. A família Jacobs trabalha no setor citrícola há mais de quatro décadas, na produção de mudas cítricas em viveiros. A família encontrou dias de muita glória na cultura, mas também enfrentou grandes desafios como problemas fitossanitários e a diminuição da demanda internacional por suco de laranja, em decorrência da crise econômica financeira.
Visionária, a família encontrou um nicho promissor com a comercialização de suco de laranja in natura e da laranja descascada, ideia guardada por Júlio desde os tempos de faculdade.
Atualmente, a produção de laranja da família não supre a demanda da fábrica e para produzir suco de laranja o ano todo é preciso comprar fruta de produtores de outras regiões: “Trabalho com laranja há 45 anos e nunca desistimos. Sempre investimos na cultura e em propriedades para a produção de citrus. Recentemente, formamos uma fazenda na cidade de Prata, em Minas Gerais”, relata.
Paralelamente, os irmãos Jacobs também se dedicam à produção de óleo essencial de eucalipto: “É uma outra fonte de renda fruto de uma grande parceria”.
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Um trio de engenheiros
Com a agricultura enraizada na história familiar, os três filhos de Mauro e Maria Colorinda decidiram estudar engenharia agronômica.
Em 1989, Júlio ingressou na Faculdade de Engenharia de Ituverava. Para arcar com os custos da faculdade, ele passou a vender laranja à domicílio. “Conquistei e fidelizei os clientes, em quatro meses, já era o garoto da República que sempre tinha dinheiro no bolso. Minhas primeiras vendas fiz com um Corcel e depois meu pai me emprestou uma caminhonete, onde transportava a fruta. Nesta fase, criei um vínculo com a venda direta. Além de entregar o produto, fazia questão de saber da satisfação do cliente”, conta Júlio explicando que quem preparava o suco eram as funcionárias da família, que além desta tarefa tinha várias outras e por isso relatavam a dificuldade em descasca-las.
Por sentir que essas pessoas buscavam praticidade e facilidade, Júlio tem a ideia visionária de vender laranjas descascadas. Projeto iniciado em 2009: “Fui o mentor desta ideia em vender a laranja descascada, mas, ninguém faz nada sozinho, tive o apoio da minha família”, declara.
Leandro formou-se em Lavras e trabalhou como assistente técnico da Bayer e Marcelo formou-se em Paraguaçu Paulista, saindo da faculdade diretamente para a sociedade com os irmãos.
Formando e com honrarias
Recém-formado, Júlio César finalizou seu ciclo com honraria ao ser escolhido o segundo melhor aluno do curso: “Ganhei cinco gramas de ouro e fui selecionado para trabalhar na FMC Brasil” conta, com muita emoção.
E assim começa sua trajetória como agrônomo. Em busca de novos aprendizados, Júlio César mudou-se para Toledo, no Paraná, para trabalhar como assistente técnico para a FMC do Brasil.
“Neste período, montei um depósito para continuar vendendo laranja. Nesta época, eu já namorava a Valdirene há 10 anos. Então, decidimos marcar a data do casamento. Senti a necessidade de voltar para ajudar meu pai a administrar os negócios da família”, conta o produtor, que está casado há 26 anos.
“Nos conhecemos desde o primeiro ano de escola, éramos vizinhos de propriedade”, conta.
Novos desafios
De volta às origens, Júlio César passou a ajudar o pai, mas movido a desafios decidiu participar do processo seletivo para trabalhar na DuPont, no Vale de São Francisco: “Nesta fase, também estava em conversa para trabalhar na Uniceres. Disse ao Silvio Gil que iria fazer o teste e ele me incentivou. A entrevista foi muito boa e passei no teste. Quando contei ao Silvio, ele disse que eu estava contratado para trabalhar na Uniceres”, conta aos risos.
Após anos trabalhando na Uniceres, o produtor trabalhou na Milenia Agrociências por quase 10 anos, até que, em 2006, resolveu sair para realizar seu sonho de comercializar laranjas descascadas.
O começo do sonho
Formados, Júlio e seus irmãos, em 8 de setembro de 2009, expandiram o negócio da família para o ramo industrial alimentício, fundando a Jacobs Citrus Ind. e Com. Importação e Exportação LTDA. Depois de muito esforço e dedicação, o sonho de comercializar laranja descascada e embalada do Brasil tornou-se realidade, com o foco de venda para escolas públicas, creches e mercados. Os irmãos foram os pioneiros neste ramo, no Brasil.
Além de se dedicar ao negócio da família, Júlio trabalhava na Consagro Agroquímica, em São Paulo, morando em Bebedouro. “Foi onde consegui ganhar dinheiro para investir na compra de máquinas para descascar laranjas”, conta.
Todo o processo de automação da laranja descascada foi desenvolvido e patenteado pela empresa. Além disso, eles desenvolveram um sistema para embalar as laranjas a vácuo, em ambiente que garante a higiene e preserva a validade de 15 dias para a fruta.
Alguns anos depois, em 2012, os irmãos Jacobs decidiram mudar o foco de produção, devido ao pequeno shelf life do seu produto. Mas sem abandoná-lo, iniciaram a produção de sucos integrais feitos com a laranja sem a casca, e o chamaram de Jacobinho, pensado inicialmente como uma linha voltada para o público infantil por conter menor acidez.
União que faz crescer
A união entre os irmãos fortalece as relações familiares e, ao mesmo tempo, o negócio. Cada um sabe a sua importância e o papel de cada um dentro da empresa. Júlio atua como diretor comercial, Leandro trabalha como diretor agrícola e Marcelo é diretor de matéria-prima e novos projetos.
Ao contar a história de sucesso de sua família, Júlio César se emociona ao recordar-se dos aprendizados, dos desafios e das conquistas: “Em seis anos de trabalho e excelência em tudo que buscamos, conseguimos ter um bom patrimônio na área agrícola e de infraestrutura. Quando vou aos lugares e vejo as pessoas, especialmente, as crianças pedirem um Jacobinho, aquece meu coração”, revela.
Sucessão familiar
Com a importância do agronegócio para o Brasil, a sucessão familiar é um dos caminhos para dar continuidade ao legado dos Jacobs: “Até então, não tínhamos sucessores. Mas o João Vitor está mais próximo da gente, com foco em continuar com o mesmo modelo de negócio, assim como Pedro Henrique. Os meus dois filhos estão se formando. Eles trabalham de manhã e estudam a noite”, conta o pai, feliz e emocionado.
Para João Vitor, continuar com o legado da família é de grande valia e responsabilidade: “Me senti muito acolhido, apoiado e a vontade de vir todos os dias aprender só cresceu. É uma enorme responsabilidade trabalhar no negócio da família”, afirma.
O filho de Júlio fala com orgulho e, sobretudo, com muito respeito sobre a história familiar. Determinado a conquistar seu espaço com muito trabalho, hoje ele atua na empresa como colaborador: “Não queria chegar aqui como filho do dono, por isso, estou começando aos poucos, aprendendo. Tem muita gente competente que está conosco desde o começo e quero ter o respeito dessas pessoas pelo meu trabalho”, declara.
O desejo de continuar o legado da família também floresceu no coração de Matheus e Lucas, filhos de Leandro: “Os dois filhos do Leandro são maravilhosos e também são interessados no projeto da família. Meu irmão caçula, Marcelo, casou-se com Amanda e ainda não tem filhos, mas deseja tê-los futuramente”, conta Júlio.
Uniceres: grupo que inspira e fortalece
A relação da Uniceres com a família Jacobs foi construída com respeito e muito aprendizado: “A nossa relação com a Uniceres é top. Para ser um bom gestor, me inspirei e me espelhei nos produtores cooperados da Uniceres. Na minha visão, são as pessoas mais competentes no plantio de laranja e aprendi muito com todos eles”, aponta Júlio.
Para o produtor, sua jornada dentro da cooperativa foi repleta de aprendizados que serviram para construir os seus sonhos: “Além do conhecimento que aprendi, por estar perto de grandes especialistas em citrus, tive a oportunidade de fazer grandes amigos. José Matta me incentivou a galgar novas oportunidades e ir em busca dos meus sonhos e por esse motivo eu saí da Uniceres, como colaborador. Ele também me incentivou a produzir mudas de laranja. Ele me dizia: ‘Você tem tudo para produzir mudas de qualidade’ e investi”, conta.
O trio de irmãos fortaleceu seu relacionamento com a Uniceres com o passar dos anos: “Sempre fui muito bem tratado como colaborador e como cooperado. Aliás, só sou cooperado porque fui colaborador”, analisa o citricultor.
Fazer parte dessa história inspira a Uniceres a representar os interesses da família Jacobs e de todos os cooperados que confiam em nosso trabalho. Colocar em prática os princípios do cooperativismo é o que nos move a manter nosso compromisso para fomentar a agricultura, contribuindo para longevidade das famílias no trabalho no campo.
“A minha família vem de uma origem muito simples e se eles não tivessem se unido, não teríamos a fazenda Santa Rosa. Trabalhar em equipe foi o que ajudou a minha família crescer”, finaliza emocionado o primogênito.
A história dos irmãos Jacobs é uma inspiração para a cooperativa e para muitos empreendedores, não só aqueles do agronegócio. Os desafios não foram motivos para que os irmãos não desistissem de seus sonhos. Através dessa união, a Uniceres prossegue na busca de fortalecer os produtores rurais dentro de suas atividades. Afinal, a união faz a força.
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