RETRATOS UNICERES

Sabedoria para gerar prosperidade

A família Ayres busca excelência e melhorias na produção de mudas cítricas e de cana-de-açúcar, além de criar oportunidades para que outras pessoas também cresçam.

Os irmãos Juliano Ayres e Carina Ayres trabalham juntos no cultivo de mudas cítricas e de cana-de-açúcar com alta tecnologia, em Mendonça, na região de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Com origem em família de agricultores, o amor pela terra facilitou a jornada desta dupla. Desde a infância, eles aprenderam com a família que é preciso buscar excelência em tudo que se faz, sem abrir mão de criar oportunidades para que outras pessoas também cresçam.

Essa jornada começou no Brasil, aproximadamente em 1907, através dos avós paternos, José Ayres Vicente (in memorian) e Genoefa Dosualdo Ayres (in memorian). Juliano conta que seu avô veio de navio com sua mãe Helena, viúva e com o filho mais novo, José, com menos de 1 ano, além de outro filho de 4 anos.

Vieram no início do século XX para desbravar o interior de SP e trabalhar com agricultura (grãos e café). O casal teve cinco filhos: Alice Ayres Espinaço (in memorian), Adelaide Ayres Gibson (in memorian), Modesto Ayres Dosualdo (in memorian), Valentim Ayres Dosualdo e Eunice Ayres Alves.

Com riqueza de detalhes, o engenheiro agrônomo Juliano Ayres conta que seu avô tinha um único sonho: oferecer educação de qualidade aos seus filhos: “Ele era autodidata, aprendeu a ler e a escrever sozinho. A sua capacidade era tamanha que três de seus filhos tinham inteligência acima da média. Os meus tios Modesto e Adelaide sempre foram os primeiros da sala. Meu tio prestou concurso na década de 60 e conquistou a única vaga do Estado de São Paulo para uma bolsa de estudos nos Estados Unidos para perfeiçoar o inglês. Meu pai, Valentim, contava que ele também era muito bom aluno, mas como tirava nota 9 era difícil concorrer com os irmãos mais velhos.

Em busca deste sonho, o avô mudou-se para São José do Rio Preto, mas continuou com sua propriedade em Mendonça, com cultivo de café, grãos e criação de gado. Depois da jornada na lavoura durante a noite, ele utilizava da luz de lamparina ou lampeão para alfabetizar os moradores do vilarejo de Santo Antonio do Monte Belo. Ele era versátil e altruísta: “Ele era um ser iluminado e fazia de tudo.  E como era raro médico, às vezes, ele aplicava injeção em quem precisava e tudo que se propunha a fazer tinha êxito. Ele também era conhecido como ‘espanholzinho’ por ser o melhor jogador de futebol na região. Os adversários diziam se o ‘espanholzinho’ jogar, já perdemos o jogo. Ele era zagueiro e parou de jogar por medo de se machucar e não poder sustentar seus filhos com o trabalho na roça”.

Os avós maternos de Juliano e Carina eram filhos de italianos e também tinham ligação com a agricultura. Eram humildes. O avó João Rodante cresceu no campo, ambiente repleto de natureza, mas também de desafios. Desde cedo, aprendeu a pegar a enxada e arar a terra.

“Meu avô tinha dez irmãos e tinha que trabalhar e trabalhar. Ele era o primogênito e seu primeiro calçado conquistou aos 16 anos. Para se ter uma ideia, quem acordasse por último na casa tinha que carregar o balde na cabeça. O meu bisavô era tão simplório que todas as suas economias, por 15 anos, foram guardadas debaixo do colchão. A quantia dava para comprar fazendas, mas quando a moeda foi substituída ele perdeu tudo. Na época, eles choraram como criança por conta de terem trabalhado tanto e pela simplicidade e teimosia do ‘nono’ perderam toda a economia da família”.

O sonho de crescer e ter sua própria terra levou João Rodante a sair da casa dos pais aos 18 anos e se casar com Dozolina Passarini. Tiveram: “Ele começou seu sonho numa propriedade como arrendatário, plantando algodão e milho. Posteriormente, com as economias, ele comprou a fazenda Barra Mansa, em 1948, quando tudo ainda era mata virgem, repleta de perobas e ipês. Precisou abrir a mata com machado e trançador para cultivar a terra com grãos, café e também a lidar com o gado. Antes, na Revolução de 32, ele ainda precisou deixar minha avó e o filho recém-nascido para defender o nosso Estado de São Paulo. Ele se orgulhava muito de ter sido condecorado pelo governo do Estado de São Paulo pelos atos de bravura ao salvar um companheiro de farda”.

João e Dozolina tiveram quatro filhos: Valdomiro, Leoclídeo, Dirce e Alayde. “Os mais velhos, Valdomiro e Leoclideo se dedicaram ao trabalho no campo e não puderam estudar. Minha mãe Alayde e sua irmã Dirce se tornaram professoras. Meu pai dizia que nunca havia conhecido uma mulher tão inteligente como a minha avó. Além da inteligência, ela era companheira e destemida, enfrentava cobras e fez até um poço caseiro para terem água na propriedade”.

Honestidade, simplicidade e trabalho com humildade foram o norte de João Rodante, que cresceu financeiramente e partilhou com os filhos o seu progresso: “Ele tinha 200 alqueires de terra na Fazenda Barra Mansa onde é atualmente o nosso viveiro. Manteve 80 e dividiu o restante com os outros filhos. Como os homens não puderem estudar para ajudá-lo na lavoura, eles receberam 34 alqueires e as outras duas filhas, 17 alqueires. A minha mãe Alayde herdou essa propriedade e onde continuaram trabalhando com agricultura”. 

Encontro dos Rodante e Ayres


De um jeito diferente, o legado na agricultura continuou com a união dos Rodantes e Ayres. O casal Valentim Ayres Dosualdo e Alayde Rodante se casaram e tiveram três filhos: Antonio Juliano Ayres, Luciano Antonio Ayres e Alayde Carina Ayres.  Começava ali a história de sucesso que gera mudas e prosperidade até hoje.

“Meu pai nasceu no povoado de Santo Antônio de Monte Belo, que chegou a ser o principal município da região, mas o povoado praticamente desapareceu por causa da malária. Ele era professor, estudou Geografia na USP (Universidade de São Paulo) porque queria conhecer o mundo através dos mapas. Foi diretor de escola, vereador em São José do Rio Preto e não tinha aptidão para a área agrícola, mas seguiu na Agricultura e decidiu fazer diferente investindo na citricultura”.

Valentim plantou seu primeiro pomar em 1976, no auge da citricultura, quando Juliano Ayres ainda tinha 11 anos. Quase todos os finais de semana ele acompanhava o pai e o irmão mais novo, Luciano, nas visitas ao sítio.  Juliano, com 18 anos, decidiu cursar Agronomia na UNESP de Jaboticabal pela qualidade da faculdade e por sua proximidade com a propriedade.  Juliano foi se apaixonando pela citricultura, “mas como não tínhamos muita terra para plantar novos pomares, eu decidi estudar e me especializar em citricultura, que era minha paixão desde antes da faculdade”.


Formado em 1989, Juliano e o amigo e agrônomo José Eugênio Rezende Barbosa Sobrinho viajaram para conhecer a citricultura da Flórida. Juliano ficou e trabalhou nos Estados Unidos na Edsall Groves Service, empresa prestadora de serviços aos citricultores: “Meu grande amigo Jose Eugênio e seu pai, Sr. Renato Rezende Barbosa, com sua sabedoria inigualável abriram a fronteira para mim. Fui aprender inglês e sobre citros. Nunca tinha pisado em um avião e fui sem medo, com apenas pouco de dinheiro emprestado do meu pai e fé em Deus. O meu projeto de vida era ter sabedoria para poder gerar prosperidade ao menos para as pessoas que me cercavam”.

Com determinação e coragem, Juliano aproveitou todas as oportunidades e, quando voltou, começou a trabalhar na Citrosuco, fazendo a ligação entre pesquisa e transferência de tecnologia com os citricultores através do conhecimento proveniente de renomados consultores como Ody Rodriguez e Antonio Violante Neto. Nos finais de semana, com o apoio dos pais, Juliano passou a cultivar mudas de laranja e seringueira. “Iniciei o viveiro de citros recém-formado, com a confiança de amigos. Era jovem com pouca experiência e tinha só 3 hectares de terra arrendada, com um trator bem velho e os canos de irrigação emprestados. No princípio, tudo foi extremamente difícil. Nos anos subsequentes, o negócio começou a crescer e caminhava bem, mas surgiu outra oportunidade imperdível:  fazer mestrado em Citricultura pela Universidade Politécnica de Valência, Espanha, em 1990 e 1991. Estudei bastante e fui muito privilegiado ao ter aulas com os melhores professores e pesquisadores do mundo, como Dr. Jose Luis Guardiola da Universidade Politécnica de Valência, Dr. Luis Navarro do Instituto Valenciano de Investigações Agrárias e Dr. Joseph Bové do INRA da França. Fiquei dez meses na Espanha enquanto meus pais cuidavam dos negócios no Brasil. Quando voltei, fechei uma parceria na produção de mudas cítricas com a fazenda Guacho do amigo José Eugênio e parei com o meu viveiro pois seria difícil conciliar os dois viveiros”.

Após 6 anos, em 1997, o negócio voltou com força total e quebrando paradigmas: Juliano passou a produzir as primeiras mudas em estufas protegidas no Estado de São Paulo. “Essa tecnologia era pouca conhecida no Brasil, mas tinha bastante pesquisa na Espanha e África do Sul. Na época, a citricultura paulista enfrentava sérios problemas fitossanitários, como Clorose Variegada do Citros e era essencial a necessidade de mudas sadias e de qualidade. Nesse momento, com a ajuda do meu pai, nós transformamos o viveiro, que foi crescendo. Os meus primeiros clientes de mudas de estufa foram os amigos Vicente Hernandes e Antonio Eduardo Garieri da Branco Peres. A confiança deles ajudou a fazer a diferença. Da família Hernandes já vínhamos utilizando no passado seu material genético do pomar de laranja da Fazenda Ipê, referência na citricultura da região”.

Cinco anos depois, com a crescente demanda na produção no viveiro, Juliano passou a contar com a parceria da irmã, Carina, formada em Administração de Empresas. Nascia ali uma parceria de sucesso.

Entre irmãos

Mais do que superar as expectativas, a parceria de Juliano e Carina trouxe progresso ao negócio. Para Carina, trabalhar na propriedade familiar é motivo de orgulho: “Como uma boa descendente de italianos, temos muita facilidade em unir pessoas, de ficar todos juntos. Fomos criados na Barra Mansa e essa terra é como se fosse um solo sagrado. O meu avô fazia questão de que todos os netos passassem suas férias aqui. Então, não tive dificuldades em trabalhar aqui”.

Carina aprendeu desde a infância a dar valor ao trabalho: “Eu trabalhava com a minha mãe em sua loja de roupas, com 10 anos. Ela sempre foi muito arrojada e conviver com ela em seu local de trabalho foi uma escola. Assim como meu irmão, meu pai não me podava, pelo contrário, sempre me deu muita liberdade e poder de decisão. Como ele não era bom em negociação, eu fazia a compra de gado, maquinário e até mesmo de carro. Tive a sorte de nascer em uma família aberta e arrojada”, conta Carina, com orgulho. 

Mulher forte mais ao mesmo tempo sensível, a viveirista ressalta que o maior patrimônio da empresa é sua equipe. São valores que fizeram eles perceberem a importância do apoio dos colaboradores e da gestão do negócio: “Somos uma grande família. Conheço todos os funcionários pelo nome e eles se dedicam à produção com afinco. Somos referência na produção de mudas e construímos um legado nesse lugar. Além da responsabilidade em produzir mudas para um setor tão importante, o cuidado é ainda maior por carregarmos com essa produção, o nome do meu irmão que é conhecido em todo o setor. Então, não podemos errar. Eles sabem que precisam trabalhar de forma cuidadosa e carinhosa”.

Orgulho dos seus familiares e de sua equipe é apenas um dos sentimentos que Carina carrega em seu coração. Ela faz questão de ressaltar a confiança que tem em sua família e nos ensinamentos que aprendeu ao longo de sua jornada. “Eu não tenho dificuldades em ser uma mulher do agronegócio.  Difícil era na época da minha mãe e das minhas avós. Tenho orgulho da trajetória da minha família, da parceria com o meu irmão e dos nossos parceiros”, afirma.

Dias de lutas, dias de glória

A Agricultura não parou na pandemia do Covid-19. Os desafios de gerenciar um viveiro e, ao mesmo, cuidar da saúde de seus colaboradores não foi uma tarefa. Mas, eles conseguiram. “Tínhamos metas a serem cumpridas e muitos funcionários no grupo de risco. Não tínhamos muita informação sobre a doença e não podíamos contratar ninguém.  Buscamos fazer o melhor, contratamos uma infectologista do Einstein para rever todo o processo de trabalho e garantir segurança a nossa equipe”, recorda-se Juliano.

Em outubro de 2019, Juliano conta que descobriu um problema sério na coluna. “Neste momento, a tensão foi enorme e pensei até em desistir. Tudo aconteceu de uma vez só, mas seguimos em frente. Fiz a cirurgia na coluna em São Paulo. Segundo o médico, a cirurgia foi complexa e a mais difícil que ele havia feito, com final feliz. Foram 12 horas no centro cirúrgico, qualquer falha eu poderia ficar sem andar ou perder o controle inibitório. Fiquei sem estrutura física e emocional no primeiro momento, mas tive na esposa Vanessa o amor incondicional, e o apoio dos pais, irmãos, amigos. De Deus a força necessária. Ao mesmo tempo, surgiu a pandemia. A Carina teve que aguentar firme e tocar o barco sozinha”, recorda-se Juliano. 

“O meu sentimento naquele momento e que iria dar tudo certo. Sempre fomos muito unidos e eu sempre acreditei na sua recuperação. Quando eu tive depressão ele segurou a minha mão. E assim seguimos segurando a mão um do outro”, diz Carina.

E com fé, otimismo e superação, a tempestade passou e o amor e a união dos irmãos se fortaleceu. É bonito ver esse amor que comemora as pequenas vitórias e os sonhos realizados.

Sucessão

O bate-papo flui leve e regado de boas reflexões. Os irmãos amam seu trabalho e esse amor é transmitido para a atual geração. Mas, eles são cautelosos ao falar sobre o futuro: “A Carina tem dois filhos, João Pedro e Mariana. Um formou-se em Zootecnia e a outra em Agronomia. Já consideramos isso uma sucessão, mas não sei se teremos sucessão no viveiro. O João Pedro gosta mais da parte da pecuária e a Mariana é intelectual. Se tiver sucessão, melhor, mas se não tiver, que eles sigam outro caminho.  É preciso respeitar as escolhas”.

Uma grande família

Nesta trajetória, a família Ayres pôde contar com a Uniceres que, segundo eles, é uma extensão da sua casa. “A Uniceres faz parte da nossa família. Temos uma afinidade enorme com a cooperativa que trata os seus cooperados como uma grande família. No início da cooperativa, quando os queridos amigos e irmãos Gino e Cacau Hernandes convidaram meu pai para fazer parte da cooperativa ele aceitou com honra e eles conseguiram manter o mesmo DNA de união”.

Para Carina, a Uniceres é como estar em casa: “vai muito além de uma cooperativa que te ajuda a comprar insumos. Quando chego lá não tem a barreira do balcão e não tenho medo de falar se não gostei de algum produto. Eles sempre buscam oferecer o que precisamos”. Temos um carinho e respeito enorme aos diretores e amigos Niwlton Rodrigues e Sylvinho Bueno, como de todos os colaboradores da cooperativa.

A Uniceres representa a união que fortalece o produtor rural, incentivando ações que contribuam para consolidar as tradições, o respeito às famílias e o desenvolvimento sustentável no campo. Fazer parte dessa história é o que inspira a Uniceres a representar os interesses de seus cooperados, na busca por condições comerciais diferenciadas na compra de insumos. Colocar em prática os princípios do cooperativismo move a cooperativa a manter seu compromisso para fomentar a agricultura, contribuindo para longevidade das famílias no trabalho no campo.

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