RETRATOS UNICERES

Semeando amor para colher laranja

A família Gil imprime uma gestão eficiente e inovadora, com foco no planejamento, no conhecimento e na produção com sustentabilidade.

A família Gil descobriu na cultura da laranja mais que uma vocação: uma missão de vida para levar produtos de alta qualidade a milhões de pessoas.  Foi preciso superar os desafios e investir em soluções tecnológicas para se manter na atividade. Com essa sabedoria, também veio a prosperidade com o sistema cooperativista na qual faz parte e do qual se orgulha.

Mas, essa história de amor dos irmãos Gil com a agricultura vem de berço e foi semeada ainda na infância. 

Tudo começou em 1921 com a chegada do avô espanhol Abelardo Rodrigues ao Brasil, aos 15 anos de idade. Em busca de um futuro melhor, Abelardo se estabeleceu na cidade de Pindorama, interior de São Paulo.  Mas foi em Tabapuã, especificamente na fazenda de Gregório Gil Martins, que encontrou sua morada e o amor da sua vida. Lá ele trabalhou como oleiro, fabricando os tijolos para construir as colônias dos trabalhadores de café. 

Foi então que ele conheceu Cândida Gil Martins, filha de Gregório, e se apaixonou.

Não demorou muito para Abelardo e Cândida se casarem. Desta união, nasceram quatro filhos: Gregório, Manuel, Hélio e Diomar. “Meu avô tinha uma venda que servia os colonos da comunidade espanhola. Meu pai conta que aprendeu a falar o português na escola, já que todos a sua volta só falavam castelhano. Ele fez o grupo escolar na Vila Novais, que hoje é um município. Naquela época, o grupo oferecia até o 4º ano”, relata Silvio Gil, neto de Abelardo e filho primogênito de Gregório.

Com o intuito de oferecer oportunidade de estudo aos filhos, Abelardo comprou um empório na cidade de Catanduva, SP, onde fincou raízes: “Ele conseguiu com que todos os filhos estudassem. Meu pai se formou em contabilidade e abriu um escritório. Nesta época, ele se dedicava ao trabalho de contador e a criação de gado. Todo o dinheiro que economizava ia comprando terras”, conta. 

Mesmo trabalhando no comércio, a agricultura sempre fez parte da família Gil. 

No início da década de 1960, seus avós herdaram parte de uma fazenda em Tabapuã, SP. Foi então que Abelardo decidiu vender o empório e se dedicar à cultura de café. “Eu sempre fui muito ligado ao meu avô e ao campo. Eu sempre passava minhas férias com ele na fazenda e foram bons momentos”, recorda-se Silvio. 

Segunda geração

Gregório Rodrigues Gil casou-se com Aparecida Rodrigues Fernandes, também descente de espanhóis, com quem teve dois filhos: Silvio e Silene. “A origem dos meus pais é parecida, são ligados ao campo, vieram para Catanduva para estudar e os dois tinham uma visão empresarial, já que minha mãe trabalhava na Caixa Econômica Estadual, onde se aposentou como subgerente”. 

Com raízes na agricultura, Silvio não teve dificuldades para escolher sua profissão e formou-se engenheiro agrônomo, em Espírito Santo do Pinhal, no início da década de 80. Assim que se formou, foi trabalhar na multinacional Stauffer vendida ao grupo ICI. “Eu tive excelente gestores, com quem aprendi muito. Nesta fase, eu morava em Ribeirão Preto, onde conheci minha esposa, Joseine Jabur Badra Gil, com quem me casei em 1989. Logo depois fui transferido para Bebedouro para trabalhar com citros. A cidade vivia a cultura da laranja, mas eu não tinha muito conhecimento da atividade. Foi nesta fase que eu me apaixonei pela citricultura”. 

Atualmente, a citricultura é a principal atividade da família. A produção é destinada para a indústria de suco. Além da laranja, a família também aposta na diversificação, com o cultivo de limão, seringueira e cana-de-de-açúcar. 

Citricultura: amor que não se mede 

A citricultura viveu ciclos distintos e atravessou adversidades, passando da Era de Ouro em 1970, até uma fase implacável nos anos 2000, quando as dificuldades em torno da produção e do mercado fizeram com que tantos produtores migrassem para outras atividades.

Atualmente, a laranja passa por uma fase interessante, com perspectiva de tempos melhores, com maior rentabilidade para todos os participantes da cadeia produtiva. “A citricultura é uma cultura para poucos. Antigamente, tinha muito amador na atividade. Hoje, é uma atividade extremamente exigente e de alta performance, especialmente em fitossanidade e isso envolve risco. Quanto maior o risco, maior o retorno e mais rápido o mercado responde”, pondera Silvio. 

Apesar de todas as dificuldades, o produtor não desiste da atividade e vem investindo na reforma e ampliação dos pomares de laranja: “Enfrentamos uma década de crise e conseguimos sobreviver. Onde tem crise, existe oportunidade. Acredito que a citricultura sempre estará presente no Brasil, que é líder no mercado. O que pode acontecer é mudar o citricultor, mas não a citricultura. Os dias atuais exigem que o produtor tenha uma visão empresarial, invista na tecnologia e no planejamento”, analisa. 

Na visão de Silvio, o crescimento do negócio aconteceu por dois principais motivos: fazer tudo com amor e investir em soluções tecnológicas para permanecer na atividade. “Hoje, o negócio precisa do setor financeiro, do jurídico e de uma cooperativa, como a Uniceres para oferecer suporte na área da logística e na compra de insumos. A agricultura é uma empresa a céu aberto”, avalia. 

Com o falecimento de seu pai, em 2016, Silvio passou a administrar as propriedades da família. A união e a parceria dos irmãos Silvio e Silene trouxe progresso ao negócio. “Minha irmã me dá suporte na área da administração e eu sou responsável pela área agrícola. Cada um tem que ser bom naquilo que faz”, reforça o citricultor. 

Legado e sucessão

Silene formou-se em fonoaudiologia e casou-se com Ricardo Zanetti, com quem teve dois filhos: Pedro e Ana Sophia. “Pedro é advogado, mora e trabalha nos Estados Unidos. Já a Ana Sophia está no último ano de Administração e trabalha no mercado de luxo”, relata Silene.

Silvio e Joseine tiveram três filhos. Assim como o pai, Fábio e Murilo formaram-se em Agronomia. “O mais velho trabalha numa multinacional e está fazendo mestrado em citros; e o Murilo foi para a área comercial. Já o Ciro é formado em gestão empresarial”, comenta Silvio.

A quarta geração da família ainda não trabalha nos negócios da família, mas, a missão de continuar o legado é um tema recorrente entre os irmãos. “Assim como em outras famílias de produtores rurais, eu e minha irmã temos o desafio em pensar na sucessão. Por agora, estamos caminhando e batalhando para permanecer o mercado, sem deixar de incentivar a próxima geração a querer trabalhar com a agricultura”, comenta Silvio. 

O produtor rural vem imprimindo uma gestão eficiente e inovadora, com foco no planejamento, no conhecimento e na produção com sustentabilidade: “É necessário ter uma visão muita clara de onde se quer chegar e para isso o planejamento é essencial. É preciso estar a par de tudo. Mas, por mais que se conheça a cultura, tomamos tropeços, porque acontece oscilações no mercado, mesmo quando é planejado”, analisa.

Para Silvio, investir em conhecimento e se manter atualizado é essencial para permanecer no mercado. “A citricultura seguiu os mesmos passos de outras culturas e hoje conta com os avanços da agricultura de precisão para ganhar competitividade. Além disso, a Montecitrus e a Uniceres têm incentivado os produtores a investirem na certificação. A Uniceres está dando suporte com palestras. É preciso pensar a frente, para conquistar resultados. Como meu pai dizia, ‘se quiser quebrar, é só fazer a mesma coisa todos os dias”, afirma o citricultor. 

Silvio Gil, um dos pilares da Uniceres

Mais do que uma história inspiradora, Silvio é digno de uma grande homenagem da Uniceres. Em 1995 ele assumiu a gerência comercial da cooperativa, contribuindo com 22 dos 30 anos de nossa história.

Gestor exemplar, líder inspirador, amigo e grande incentivador da citricultura, Silvio vivenciou na prática a união que fortalece nossos cooperados, incentivando ações que contribuem para consolidar as tradições, o respeito às famílias e o desenvolvimento sustentável no campo. 

É através desse Retratos Uniceres que prestamos uma homenagem ao Silvio Gil, que foi – e ainda é – um dos pilares da nossa cooperativa.

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